Ganhos no exercício 2010 ficam levemente acima das projeções dos analistas; banco prevê alta de 15% a 20% na concessão de crédito em 2011
Leandro Modé - O Estado de S.Paulo
Leandro Modé - O Estado de S.Paulo
O Itaú Unibanco encerrou ontem a safra de balanços anuais das grandes instituições financeiras com um recorde: em 2010, teve o maior lucro da história do setor no País, R$ 13,3 bilhões. O resultado veio levemente acima das projeções, mas não evitou uma queda de 2,19% das ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Os analistas notaram uma aceleração no ritmo de concessões de crédito pelo banco no quarto trimestre, sinalizando que, em 2011, o Itaú Unibanco deve voltar a atuar mais fortemente nos empréstimos. Em 2009 e 2010, a instituição concentrou-se na integração entre os dois bancos - a fusão foi anunciada em novembro de 2008.
No ano passado, por exemplo, a carteira de crédito do banco cresceu 20,5%, para R$ 335,5 bilhões. Foi exatamente o mesmo ritmo de expansão do sistema financeiro em geral. No Bradesco, principal concorrente do Itaú no setor privado, a alta foi de 23%.
O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, afirmou que a integração exigiu "muita energia, muito esforço, muito trabalho". "Passada essa fase, vamos ter de melhorar o banco."
Na semana passada, a instituição anunciou uma mudança em um posto-chave: a vice-presidência de varejo. Deixou a casa Geraldo Carbone, ex-presidente do BankBoston, e assumiu o posto Marco Bonomi, que cuidava das operações de crédito de veículos e imóveis.
"A integração exige um tipo de esforço, de conhecimento", explicou Setubal. "Com o término da maior parte da integração, o avanço do Brasil nos últimos cinco anos e as novidades da tecnologia, imaginamos, olhando para a frente, um banco de varejo voltado para a pessoa física totalmente diferente do que era."
Sem subprime. Para este ano, Setubal estima um crescimento do crédito total de 15% a 20%. Segundo ele, o perfil da expansão deve ser semelhante ao do ano passado, com leve predomínio das empresas (notadamente as micro, pequenas e médias) e alguns segmentos das pessoas físicas (como o imobiliário).
O presidente do maior banco privado brasileiro rechaçou a hipótese de que o País esteja a caminho de uma crise como a do subprime, que estourou nos Estados Unidos no segundo semestre de 2008. A ideia foi defendida por Paul Marshall, gestor de um grande fundo hedge (arriscado), em artigo publicado segunda-feira no Financial Times.
"Há poucos anos, se reclamava que os bancos no Brasil não davam crédito. Agora, tem gente que diz que estão emprestando demais", ironizou. "Não vejo nada saindo do controle."
Guerra dos ativos. A distância entre Itaú e Bradesco voltou a se ampliar na comparação por ativos. Ao final de 2010, o Itaú estava à frente de seu concorrente em R$ 117 bilhões, acima do trimestre anterior (R$ 74 bilhões) e do mesmo período de 2009 (R$ 102 bilhões).
Ao se distanciar do Bradesco, o Itaú se aproximou do Banco do Brasil, maior instituição financeira da América Latina. A diferença de ativos entre os dois caiu de R$ 100 bilhões no fim de 2009 para R$ 56 bilhões. A tendência, segundo analistas, é de que o Itaú cresça agora mais rapidamente os ativos. / COLABOROU ALTAMIRO SILVA JUNIOR
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