segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Analogia: trabalho terceirizado ou escravo?

04.08 - 21.55hs
É isso mesmo, terceirização e trabalho escravo estão lado a lado, mudando somente a forma de ser denominada.  A adoção da terceirização potencializa a capacidade de exploração do trabalho e reduz a probabilidade de atuação dos agentes que poderiam impor limites.
Nas discussões que envolvem a terceirização está a estratégia central, no atual perfil predominante de gestão do trabalho e o limite do assalariamento no capitalismo brasileiro.
Os empregadores e suas entidades representativas estão tentando aproveitar a regulamentação da emenda à Constituição que foi promulgada nos últimos dias, para alterar o conceito de trabalho análogo ao escravo.
Sua intenção é restringir o crime à coerção individual direta e absolver todas as formas de opressão típicas da coerção do mercado de trabalho, que são aquelas próprias do capitalismoAssim, se reduziriam drasticamente os limites à exploração do trabalho.
Terceirização no STF
Quanto à terceirização, o Supremo Tribunal Federal decidiu reconhecer repercussão geral à decisão que será tomada em processo sobre o tema, que servirá como precedente fortíssimo à atuação de todo o Judiciário, demais instituições de regulação do trabalho e, em especial, às empresas.
As empresas que terceirizam buscam, dentre outros objetivos, diminuir custos e ficar livre dos problemas de adoecimentos laborais. Além disso, tentam transferir ou afastar a incidência da regulação do Estado e dos sindicatos do seu processo de acumulação, transferindo ao ente interposto o encargo de ser objeto de qualquer regulação limitadora.
A adoção da terceirização pelas empresas potencializa a capacidade de exploração do trabalho e reduz a probabilidade de atuação dos agentes que poderiam impor limites a esse processo. É exatamente nessa combinação de fatores que reside à relação entre terceirização e trabalho análogo ao escravo.
Assim o empresário melhora seu rendimento e evita a atuação do sindicato, transferindo todas as responsabilidades para empresas desconhecidas, ampliando a exploração da mão de obra barata. O Departamento de Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) do Ministério do Trabalho e Emprego apurou que entre 2010 e 2013, 90% dos flagrantes as denúncias de trabalho escravo, eram de terceirizados.
Independente de setor da economia, porte das empresas, ou regiões do país as  terceirizações são espúrias, constituídas por empresas informais, ou pessoas físicas, como “gatos” e não se trata da “verdadeira” terceirização, mas apenas da “má”.

Fonte: Vitor Araújo Filgueiras é doutor em Ciências Sociais (UFBA), pós-doutorando em Economia (UNICAMP), Pesquisador de Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (CESIT) da UNICAMP e auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego.

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