terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Bancários discutem jornada de 6h, PCR, assédio moral, Previ e Sesmt com o BB


Durante a reunião, iniciada às 10h desta sexta-feira (18), o movimento sindical fez denúncia da ocorrência de uma prática coletiva de assédio moral nas dependências, cobrou a assinatura do acordo aditivo de combate ao assédio moral, apresentou propostas para negociação de revisão do Plano Previ Futuro e reivindicou a retomada da mesa de negociação do plano 1, e cobrou a implantação da carreira de mérito. Os trabalhadores também solicitaram ao BB que aprove mudança em seu estatuto para incluir um representante dos bancários no Conselho de Administração da instituição financeira.

Em relação ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (Sesmt), os representantes dos trabalhadores voltaram a cobrar o concurso para completar o quadro de pessoal não preenchido com o processo de seleção interna. O negociador do banco José Roberto reconheceu que houve atraso no edital para a abertura do certame.

"Essa situação não pode se estender por mais tempo. A chamada Carreira Sesmt trará importantes melhorias para a saúde e segurança do conjunto do funcionalismo, uma vez que implanta serviços que garantem condições seguras de trabalho", afirma Eduardo Araújo, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB e diretor do Sindicato.

Ao reivindicar mudanças no Previ Futuro, a CEE cobrou o resgate da parte 1 (contribuição para o benefício de risco) e das contribuições patronais, além da diminuição da parcela Previ. "Os funcionários pos-98 também precisam dessas mudanças justas e necessárias para aprimorar o plano Previ Futuro", observa Rafael Zanon, representante da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CN) na CEE e diretor do Sindicato. O banco ficou de agendar uma negociação específica para tratar apenas do Previ Futuro.

A CEE solicitou mudança no estatuto do BB para contemplar a eleição do representante dos funcionários no Conselho de Administração do banco. A reivindicação está de acordo com projeto de lei sancionado pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que autoriza a inclusão dos trabalhadores nos conselhos de administração. Em resposta, o BB disse que aguarda a regulamentação do Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (Dest) sobre o tema.

Carreira de mérito

O Plano de Carreiras e Remuneração (PCR) foi um dos assuntos abordados entre os representantes dos bancários e do BB. O negociador do banco informou que o BB vai cumprir o prazo e viabilizar a carreira de mérito até o final de março. Na folha de abril, segundo José Roberto, serão disponibilizados os reflexos. "Esperamos que o banco cumpra até 31 de março o que foi acordado durante a campanha nacional. E, assim, restabeleça a confiança da mesa de negociação, arranhada com o atraso na implantação do plano odontológico", avisa Eduardo Araújo.

Ainda sobre o PCR, o negociador ressaltou que a pontuação por cargo será apresentada ao movimento sindical até a próxima semana. Serão consideradas substituições e reflexos aos sábados, domingos e feriados, a título de pontuação.

O funcionário que não tem a verba CTVF receberá a receita imediata ao alcançar a pontuação para o mérito. A Comissão de Empresa também reivindicou adiantamento para março aos bancários que têm valores a receber em relação ao PCR.

A CEE cobrou explicações do BB por ter se recusado a assinar acordo de assédio moral com a Contraf-CUT no último dia 26 de janeiro. O negociador do banco tentou justificar a ausência da instituição na assinatura do texto afirmando que o BB já possui um instrumento de combate ao mal: os comitês de ética. "Mesmo com os comitês, o banco poderia muito bem ter aderido ao acordo, assim como fizeram Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, HSBC e Citibank. Não há conflito", critica Wagner Nascimento, secretário-geral do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região e integrante da CEE.

Incorporados

Um dos assuntos mais debatidos na primeira negociação entre a CEE e o BB foi a situação dos funcionários oriundos dos bancos incorporados pelo Banco do Brasil em relação aos planos de previdência e de saúde. O movimento sindical solicitou encontro com o BB para discutir o tema e receber informações mais detalhadas.

Também foi informado ao banco que os sindicatos estão criando grupos de estudos para elaborar uma proposta definitiva e ampla sobre o tema. Parte desses bancários está sem plano de saúde (Cassi) e plano de previdência (Previ). "Recebemos inúmeras denúncias de trabalhadores que estão passando dificuldades por estarem totalmente desamparados e com sérios problemas financeiros. Sem plano de saúde, eles estão sendo obrigados a tirar dinheiro do próprio bolso para custear tratamentos caríssimos de saúde", lembra Raquel Kacelnikas, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo e funcionária do BB.

Big Brother do BB

A CEE cobrou explicações da direção do Banco do Brasil acerca do novo sistema de gerenciamento de serviços implementado nos CSOs e na Disap, que vem expondo todas as equipes a constrangimentos e pressões por conta da publicação dos nomes dos funcionários em ranking que mede o desempenho individual.

Na avaliação do movimento sindical, trata-se de uma flagrante política de assédio moral coletivo. Além de Brasília, a comissão relatou o mesmo problema em outros estados. Pelo novo sistema, que recebeu o apelido de Big Brother uma vez que todos têm acesso a ele, os bancários recebem sinalizações em vermelho, amarelo e verde de acordo com o nível de metas atingidas.

Segurança

Em virtude da nova ambiência das agências, a CEE solicitou reunião com o banco para tratar do assunto, negociação que ainda inclui a retirada das portas de segurança nas unidades. O coordenador da Comissão de Empresa, Eduardo Araújo, também denunciou que alguns gestores estão vedando férias nos períodos de grande movimento bancário (julho/dezembro).

Reestruturações

Os problemas causados pelas reestruturações de alguns setores, como a Coger, Dicom, Dicre, Dinop, CSO e CSL, entre outros, não deixaram de ser abordados pela CEE. A comissão solicitou garantia e prioridade aos funcionários dos setores reestruturados, como ocorreu na Nossa Caixa, quando foram bloqueadas as comissões até a realocação dos funcionários. "Pedimos, no mínimo, a ampliação do VCP", acrescenta Araújo. A Comissão de Empresa ainda solicitou mais informações sobre possíveis mudanças na Dinop. O banco ficou de dar uma resposta na próxima negociação permanente com a Comissão de Empresa.

6 horas

Em relação à reivindicação pelo cumprimento da jornada de 6 horas - uma conquista histórica do movimento sindical -, a CEE reafirmou a necessidade de o BB seguir a legislação vigente. "O Sindicato e a Contraf-CUT farão manifestações em todo o país para mobilizar os bancários e dar visibilidade à luta", afirma Ana Smolka, representante da Fetec-PR.

O BB disse que está estudando uma solução para o assunto. "Até agora não existe nota técnica pronta do conselho diretor, o que existe de fato é um grupo interno que esta fazendo estudos e, quando houver um caminho, o banco pretende apresentar eventual proposta para o movimento sindical", frisou o negociador do banco.

Outra preocupação da CEE é o projeto de agências complementares, que prevê a contratação de correspondes bancários. O BB ficou de apresentar o projeto aos sindicatos. A meta do banco é firmar presença em todos os 5.465 municípios do país até 2015.

Araújo ainda questionou o banco sobre a perda de comissões dos trabalhadores em Santa Catarina, que vieram do Besc. O banco ficou de dar retorno aos dirigentes sindicais o mais breve possível.

A negociação não ficou restrita a assuntos relacionados ao funcionalismo. Os representantes dos bancários cobraram auxílio para as cidades fluminenses vítimas das enxurradas em janeiro deste ano.


Fonte: Rodrigo Couto - Seeb Brasília

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