A atividade, organizada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, com apoio da Contraf-CUT e da Fetec-CUT/SP, virou uma manifestação internacional, com a participação de dirigentes da UNI Américas e da UNI Finanças.
Também estiveram presentes representantes de sindicatos de vários países do continente, como Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Venezuela, Trinidad & Tobago e Bahamas, que participaram na terça e quarta-feira, dias 26 e 27, da 6ª Reunião do Comitê Sindical Internacional do Grupo Itaú e da 8ª Reunião do Comitê Sindical Internacional do Grupo Santander.
O protesto também fez parte do calendário nacional de luta pelo fortalecimento do emprego no Itaú Unibanco e contou com a participação de trabalhadores de diversos estados brasileiros. Houve distribuição de jornais aos clientes e à população.
Cruzes, caixões e protestos
Ao som da marcha fúnebre, tocada pela Banda do Peru - que acompanha as manifestações sindicais há mais de 20 anos -, o ato seguiu despertando curiosidade por todo seu percurso de quase dois quilômetros. As cruzes, faixas e caixões, usados na caminhada, simbolizaram a dor de milhares de demitidos pelo banco em todo o país.
O novo chefe mundial da UNI Finanças, Márcio Monzane, criticou o prêmio de banco mais sustentável do mundo concedido recentemente ao Itaú pelo jornal britânico Financial Times e pelo IFC (International Finance Corporation). "A sustentação de uma empresa começa com a valorização do seu maior patrimônio, que são os seus funcionários. Como é que o Itaú pode ser o banco mais sustentável se está demitindo quem sustenta essa instituição?, questionou.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Londrina e coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú, que assessora a Contraf-CUT nas negociações com o banco, Wanderley Crivellari, disse que o clima de tensão dentro das agências é comum em todo o país. "Vivemos isso em todas as agências. As metas abusivas geram estresse, animosidade no ambiente de trabalho e adoecimentos", observou.
Emprego e condições dignas de trabalho
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, lembrou que o banco tem demitido funcionários e contratado outros com salários menores, gerando um clima de medo e insatisfação. De acordo com pesquisa do Dieese, um novo contratado recebe, em média, 45% da remuneração de um que foi demitido.
Ela considera preocupante a situação nos setores de compensação, com a implantação da truncagem eletrônica de cheques. "Apenas em São Paulo são mais de 600 funcionários nesse setor. Em Campinas, o departamento foi desativado e os trabalhadores demitidos unilateralmente".
A presidenta explicou que, com as demissões, a sociedade toda fica com o prejuízo. "Num cenário de crescimento econômico, o banco prejudica seus trabalhadores e clientes, já que com um quadro reduzido o atendimento nas agências é cada vez pior."
Para o diretor executivo do Sindicato e funcionário do Itaú, Daniel Reis, a passeata serviu para denunciar à sociedade o descaso com que o banco trata seus funcionários. "Os bancários são responsáveis diretos por tornar o Itaú o maior banco privado da América Latina. Queremos sepultar a política de pressões absurdas e demissões", completa.
"Não aceitamos que novas tecnologias, como a truncagem eletrônica de cheques, sejam ao custo de desligamentos de funcionários. Uma empresa é formada por pessoas e o Itaú Unibanco tem condições de aproveitar seus trabalhadores, já que vem batendo recordes de lucros e aumentando o número de postos de trabalho, segundo relatório da própria instituição financeira", advertiu a secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas.