quinta-feira, 3 de maio de 2012

JOVENS E ESTAGIARIOS COMEÇAM SENTIR O PESO DA PRODUTIVIDADE NA DUPLA JORNADA

E o abandono dos estudos é a alternativa. Matéria veiculada pelo Jornal Cruzeiro do Sul nesta semana, fala de um estudo realizado entre jovens entre 14 e 20 anos de idade, que ao serem entrevistados, acusaram problemas com a saúde pessoal e são sintomas precoces para esta faixa etária. A dupla jornada de estagiários e adolescentes aprendizes (estudo e trabalho) causa alterações na vida e na saúde, como perda ou ganho excessivo de peso, sonolência e, principalmente, diminuição da capacidade de manter a atenção, com queda no desempenho escolar. O estudo foi realizado pela psicóloga Andréa Aparecida da Luz, entre 2008 e 2010, sob orientação da professora Frida Marina Fischer, do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. A pesquisa de mestrado recebeu o prêmio "First Place Student Poster Award" no Congresso Internacional "30th Congress of the International Commission on Occupational Health ICOH 2012", no qual trabalhos envolvendo Saúde Ocupacional foram avaliados por um júri em Cancun, no México, entre os dias 18 a 23 de março deste ano. O estudo Percepção de jovens aprendizes e estagiários sobre condições de trabalho, escola e saúde após o ingresso no trabalho aponta as principais alterações no cotidiano e na saúde de jovens empregados por meio da Lei da Aprendizagem e também pelo capítulo V do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990). No caso dos bancos, estes jovens são expostos a trabalhos diários sem o acompanhamento de superiores, mas com produtividade igual ou superior ao do quadro de funcionários e isso também foi apontado no estudo. Um dos jurados após o anuncio do vencedor do premio, apontou a urgência em cuidar dos recém-chegados ao ambiente laboral e destacou o fato de eles "passarem mais tempo no trabalho do que na escola". Ironicamente esta é a maior verdade dos jovens trabalhadores no Brasil, que acabam priorizando o emprego e abandonando os estudos. Oriundos de famílias pobres necessitam auxiliar no orçamento domestico familiar e a alternativa deixa de ser racional. Nosso sindicato há muito tempo vem apontando os maus tratos aos jovens, mas os empresários e o próprio governo federal parecem fechar os olhos para esta verdade. Instituições e estabelecimentos de ensino também são culpados pelo adoecimento destes jovens, que na ânsia de fechar seus cursos acabam nas mãos dos gananciosos por lucros, induzindo a competitividade entre os próprios alunos, que passam acreditar no individualismo como o único caminho para o sucesso. O resultado disso esta apontado neste estudo feito pela psicóloga Andrea em uma ONG na zona sul de São Paulo.

Um comentário:

  1. Anônimo5/5/12 12:12

    Achei muito pertinente todos os textos, porém o que me chamou mais a atenção foi o texto que se refere aos jovens Estagiários e Aprendizes, que por muitas vezes servem apenas de ferramenta temporária às Empresas, pois não passam de mão de obra barata e descartável, quando seu real papel que seria o de ser formado, aprender uma atividade de forma não poluída de vícios posturais, de pré conceitos e rótulos, acaba por ser mais um mero instrumento de produção sem qualquer cuidado adicional ou diferenciado em sua formação profissional futura, pelo menos esta é a imagem que temos formada no âmbito do mercado Bancário, o que é no mínimo lamentável e condenável do ponto de vista de RH .

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