quinta-feira, 15 de julho de 2010

Bancos contratam mais com salários menores, revela pesquisa


Esta matéria é da Agência Brasil e nela foi constatado que os bancos contratam cada vez mais com salários menores, segundo a pesquisa feita pelo Dieese. Esse é mais um ponto importante para a campanha salarial 2010, onde o sindicato dos Bancários estará lutando para que a categoria bancária tenha um piso salarial digno. Confiram a matéria:


Bancos contratam mais com salários menores, revela pesquisa

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

O sistema bancário criou mais 2.840 postos de trabalho no primeiro trimestre deste ano, quando admitiu 11.053 trabalhadores com remuneração média de R$ 2.197,79 e demitiu 8.213 que ganhavam em média R$ 3.536,38. Uma diferença de 37,85% em prejuízo do nível salarial da classe bancária.

Os números constam de pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e pela Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Divulgada pelo Presidente da Contraf, Carlos Cordeiro, a pesquisa constatou que houve evolução significativa em relação ao primeiro trimestre do ano passado, quando os bancos cortaram 1.354 postos de trabalho, por força da crise financeira internacional e das fusões entre os bancos Santander-Real e Itaú-Unibanco.

De acordo com Cordeiro, os dados demonstram que os bancos usam a alta rotatividade da mão de obra para reduzir os custos, demitindo bancários com salários mais altos para substituí-los por trabalhadores com remuneração inferior. "Isso é inadmissível se considerarmos que os bancos aumentam sem parar a sua lucratividade e que apenas os cinco maiores bancos apresentaram lucro líquido de R$ 9,5 bilhões no primeiro trimestre do ano", disse.

A pesquisa Contraf/Dieese verificou aumento de 95,2% na criação de mais postos de trabalho, de janeiro a março, comparado aos 1.455 empregos bancários gerados no quarto trimestre de 2009. Constatou também que a oferta de empregos se aproximou do primeiro trimestre de 2008, antes da crise financeira, quando o setor gerou mais 3.139 empregos.

A nota de descontentamento ficou por conta da disparidade verificada entre os salários de homens e mulheres na rede bancária. Especificamente nos bancos privados, uma vez que os bancos oficiais contratam por concursos, com salários iguais. De acordo com a pesquisa, as mulheres foram admitidas com remuneração 32,71% inferior à dos homens (R$ 1.770,20 contra R$ 2.630,59).

Carlos Cordeiro disse, ao anunciar a pesquisa, que "a geração de novos postos de trabalho no setor financeiro é uma ótima notícia para a categoria bancária, que na campanha nacional do ano passado tinha a defesa do emprego como uma de suas principais bandeiras".

Ele ressaltou que que na campanha salarial do ano passado, a categoria assinou acordo com o Banco do Brasil e com a Caixa Econômica Federal assegurando a contratação de mais 15 mil trabalhadores até o fim deste ano. Cordeiro disse que a questão do emprego será novamente uma das principais reivindicações na campanha deste ano, com dissídio marcado para setembro.

Na comparação com outros segmentos da economia, o sistema financeiro foi um dos que menos gerou empregos no primeiro trimestre: apenas 0,43% dos 657.259 novos postos de trabalho no período. O setor que criou mais vagas de trabalho foi o da construção civil, com saldo de 127.694 empregos (19,43% do total), seguido dos setores de comércio e da administração de imóveis, que produziram 95.198 novos empregos (14,48%).

A pesquisa Contraf-CUT/Dieese revela que o saldo positivo do emprego nos bancos está concentrado nas faixas salariais mais baixas, com predominância para o segmento entre dois e três salários mínimos, que registrou um saldo de 4.223 postos de trabalho. A partir daí, todas as faixas apresentam saldo negativo de emprego, com destaque para o segmento de cinco a sete salários mínimos, com 1.293 postos de trabalho a menos.

O movimento deve-se ao fato de a grande maioria das admissões (55,8%) estar concentrada na faixa de até três salários-mínimos, enquanto as demissões se distribuem pelas faixas superiores de remuneração. Com isso, a remuneração média de quem é admitido (R$ 2.197,79) é 37,85% inferior à média salarial dos desligados (R$ 3.536,38).

Fonte: Agência Brasil

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