30.06 - 23.01hs
Os tempos mudaram e nossos filhos estão no centro deste assunto.
Nós éramos obrigados trabalhar desde cedo, para compor o orçamento
familiar e hoje, com nossa ajuda, eles permanecem mais tempo em casa e só
partem para o trabalho quando completam seus estudos. Ótimo para quem tem firmeza
e sabe o que quer da vida.
Em alguns casos o jovem prefere o conforto da casa dos pais e aproveita
para investir seu dinheiro em outras prioridades, nem sempre econômico.
Para um grupo de especialistas britânicos, milhões de jovens no mundo
todo, têm adiado sua declaração de independência e ainda podem ser considerados
adolescentes. Segundo estudo publicado na The Lancet, uma revista científica do
Reino Unido, a entrada na vida adulta, com todas as responsabilidades que ela
traz, está sendo adiada.
E não são apenas fatores econômicos e sociais analisados nesse fenômeno,
existem fatores neurológicos envolvidos: exames de ressonância magnética
mostram que o cérebro humano continua em processo de maturação mesmo após os 20
anos. Segundo parâmetros da OMS (Organização Mundial da Saúde), a
adolescência é compreendida no período dos 10 aos 20 anos de vida, analisa a psicóloga
inglesa Laverne Antrobus, que entende deveria se estender até os 25, pois o
processo de crescimento ainda está em curso.
A psicóloga Maria Alice Fontes doutora em Saúde Mental pela Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo) diz que o córtex pré-frontal, área que
responde por estratégias cognitivas como a tomada de decisão e a capacidade de
avaliar riscos, é a última parte do cérebro a amadurecer devido o aumento da
massa branca do cérebro e isso ocorre após os 20 anos.
Para ela "não é interessante considerar o jovem de 25 anos um
adolescente. Ele é um jovem que deve ser estimulado para começar a assumir as
responsabilidades da vida adulta". A preparação para a vida adulta deve
começar ainda na infância, com a progressiva atribuição de tarefas aos filhos. "O
jovem tem que acordar, fazer a própria cama, ajudar na arrumação da casa, dar
comida para o cachorro. O que vemos, geralmente, são os pais ou empregados
assumindo essas demandas, enquanto o jovem fica no sofá", afirma.
Segundo Maria Alice, fatores biológicos, hormonais e culturais devem ser
avaliados em sua totalidade para compreender o comportamento atual do jovem. O jovem
americano aprende sair de casa cedo e buscar as universidades distantes de seus
lares. Com a implantação do Eenem o jovem brasileiro pode ser aceito em boas
universidades, independente de distância. É questão de cultura!
A filósofa Tânia Zagury,
professora de Psicologia da Educação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro), pesquisa crianças e adolescentes há quase 30 anos. Ela defende a
necessidade de conferir maior autonomia ao jovem de hoje. Segundo a educadora,
à medida que as condições financeiras dos pais foram melhorando, eles passaram
a adiar a independência dos filhos, custeando a faculdade e até mesmo a
pós-graduação deles, o que não é errado.
E se por um lado isso permite que o filho tenha uma formação melhor e
mais completa que a dos pais, por outro, adia a entrada do jovem no mercado de
trabalho. O que pode torná-lo mais dependente e acomodado. "O jovem não dá
valor às coisas que ganha e pode se tornar um insatisfeito crônico. Ele precisa
participar dos afazeres domésticos e dividir responsabilidades financeiras com
a família. Cabe aos pais fazer o filho entender isso, fixando regras de
participação nessa vida em comunidade que é a família", diz Tânia.
(Fonte UOL)
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